quinta-feira, 4 de março de 2010

iku, axexe

Axexê cerimônia realizada após o ritual fúnebre (enterro) de uma pessoa iniciada no candomblé.






Axexê cerimônia realizada após o ritual fúnebre (enterro) de uma pessoa iniciada no candomblé.Tudo começa com a morte do iniciado, chamado de ultima obrigação, este ritual é especial, particular e complexo, pois possibilita a desfaz o que tinha sido feito na feitura de santo, é bem semelhante com o processo iniciático chamado de sacralização, só que agora este procedimento é uma inversão chamada de dessacralização, no sentido de liberação do Orixá protetor do corpo da pessoa.
Com uma navalha o Babalorixá ou yalorixá raspa o topo do crânio do falecido e retira o Oxu, juntamente com todos os pós colocado na sua iniciação, em seguida quebra-se um ovo, oferece um obi Obi ritual, pintando-o com efun, wáji, e ossun, coloca-se um novo oxu, um pombo é sacrificado, o sangue que escorre é recolhido num pedaço de algodão, parte dos objetos é enrolado no pano branco e colocado na sepultura, e outra é levado para dar inicio ao ritual do Axexe propriamente dito.
Junta-se todos seus pertences pessoais utilizados em sacrifícios e obrigações, como roupas, colares, nem sempre os assentamentos de orixá são desfeitos, se faz uma consulta oracular (jogo de búzios) para se saber do destino dos objetos separados, se ficam com alguém. Em caso positivo, o objeto ou objetos em questão é lavado com ervas sagradas e entregue aos herdeiros revelado(s) no oráculo, e em caso negativo, o objeto é separado para junto com os demais e, após serem os colares rompidos, as roupas rasgadas e os assentamentos quebrados, são colocados em uma trouxa que será entregue em um local também indicado pelo oráculo. Normalmente, a trouxa, chamada de Carrego de Egum, é acompanhada de um animal sacrificado, indo de uma única ave a um quadrúpede acompanhado de várias aves, dependendo do grau iniciático do morto. E ainda, se o falecido era um iniciado de pouco tempo, basta um lençol branco para embalar o carrego, se tratar de alguém mais graduado, o carrego é colocado em um grande balaio, o qual é depois embalado no lençol.
O processo de preparação e entrega, ou despacho do Carrego de Egum é a cerimônia fúnebre mínima que se dedica a qualquer iniciado no candomblé quando morre. As variações surgem, como foi já colocado, dependendo do grau iniciático ao qual pertencia o morto mas também da Nação em que fora iniciado.
Se o morto era uma pessoa graduada na religião é que mereceria um Axexê. O Axexê nesses casos antecede ao Carrego de Egum e consiste em uma, três ou seis noites de cânticos e danças na qual se celebra a partida do iniciado para o outro mundo, rememorando o nome de outros iniciados já falecidos e, enfim, os eguns em geral.
Canta-se também a certa altura para os orixás, menos para Xangô, para os quais se canta no depois da entrega do carrego no ritual do arremate. Todos os participantes devem vestir branco, a cor do nascimento e da morte no candomblé, as mulheres devem estar com a cabeça e o pescoço cobertos e os homens com os pulços envolto na palha da costa.
Obedecem-se vários preceitos rígidos de comportamento dentro do terreiro durante todo o processo, para evitar melindrar o espírito que está sendo respitosamente despedido.
Depois do carrego despachado, canta-se o arremate no dia seguinte à tarde, antes do pôr-do-sol,
No sétimo dia, é o dia do arremate, pela manhã é colocada uma mesa no barracão onde todos os presentes vão compartilhar a refeição com o falecido onde é colocado um alguidá embaixo da mesa com a parte dele por volta da hora do almoço é arrumada novamente a mesa com o almoço que também vai ser compartilhado com o falecido. Depois que termina o almoço junta-se tudo o que sobrou e coloca-se no carrego. Depois de despachado o carrego começa a cantar para os orixás as mesmas cantigas do Axexê são ainda entoadas e no final são louvados os orixás, e empreende-se uma limpeza ritual do terreiro, com a participação eventual dos orixás que porventura tenha se manifestado em seus elegun.
Ao longo do Axexê mesmo somente orixás mais ligados à morte como Oyá-Iansã, Obaluaiyê, Nanã e Ogum, etc. costumam se manifestar. No caso em que o morto era um pai ou mãe de santo cujo terreiro permanecerá ainda aberto, deverá ficar fechado ao público durante um ano ou mais conforme deteminação do jogo, mas as cerimônias internas continuam, costuma-se repetir o ritual de um, três, seis meses, e um, três, sete anos depois do Axexê inicial.
O Axexê também é conhecido pelos nomes de sirrum e zerim, nomes em Língua Fon significando os instrumentos que são percutidos em substituição aos atabaques.
O sirrum é uma metade de cabaça emborcada em um alguidá onde se encontra uma mescla de substâncias líquidas e o zerim é um pote com certas substâncias dentro que é percutido com um abano (leque de palha) dobrado em dois.
Quando se trata de uma pessoa especialmene antiga e poderosa na religião, o Axexê é tocado com atabaques mesmo, com os couros ligeiramente afrouxados para serem depois também despachados no carrego. Em alguns terreiros da Nação Ketu também se usa tocar Axexê com três cabaças: duas inteiras e uma com a ponta cortada.
Favor verificar video no you tube
Postado por toluaye às 05:42 0 comentários
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Orixa Iku é o único que incorpora em todos humanos







Orixa Iku é o único que incorpora em todos humanos.
Diziam os mais velhos que Olodumare, o Deus maior, determinou que Obatalá criasse os homens para que eles povoassem o Ayê - esse nosso mundo visível. Não foi em um ato de misericórdia ou amor que o Deus determinou que o ser humano fosse criado; Olodumare fez isso em um momento de vaidade, do qual em algumas ocasiões arrependeu-se amargamente.

Obatalá, para criar os homens, os moldou a partir de um barro primordial; para isso pediu a autorização de Nanã, a venerável Orixá que tomava conta daquele barro. Os seres humanos, depois de moldados, recebiam o emi - sopro da vida - e vinham para a terra; aqui viviam, amavam, geravam novos homens, plantavam, colhiam, se divertiam e cultuavam as divindades.

Aconteceu, porém, que o barro do qual Obatalá moldava os homens foi acabando. Em breve não haveria a matéria primordial para que novos seres humanos fossem feitos. Os casais não poderiam ter filhos e a terra mergulharia na tristeza trazida pela esterilidade. A questão foi levada a Olodumare.

Ciente do dilema da criação, Olodumare convocou os Orixás para que eles apresentassem uma alternativa para o caso. Como ninguém pensasse uma solução, e diante do risco da interrupção do processo de criação dos homens, Olodumare determinou que se estabelecesse um ciclo. Depois de certo tempo vivendo no Ayê, os homens deveriam ser desfeitos, retornando à matéria original, para que novos homens podessem, com parte da matéria restituída, ser moldados.

Resolvido o dilema, restava saber de quem seria a função de tirar dos homens o sopro da vida e conduzi-los de volta ao todo primordial - tarefa necessária para que outros homens viessem ao mundo.

Obatalá esquivou-se da tarefa. Vários outros Orixás argumentaram que seria extremamente difícil reconduzir os homens ao barro original, privando-os do convívio com a família, os amigos e a comunidade. Foi então que Iku, até então calado, ofereceu-se para cumprir o designo do Deus maior. Olodumare abençoou Iku. A partir daquele momento, com a aquiescência de Olodumare, Iku tornava-se imprescindível para que se mantivesse o ciclo da criação.

Desde então, Iku vem todos os dias ao Ayê para escolher os homens e mulheres que devem ser reconduzidos ao Orum. Seus corpos devem ser desfeitos e o sopro vital retirado, para que, com aquela matéria, outros homens possam ser feitos - condição imposta para a renovação da existência. Dizem que, ao ver a restituição dos homens ao barro, Nanã chora. Suas lágrimas amolecem a matéria-prima e facilitam a tarefa da moldagem de outros homens.

Iku é, desde então, o único Orixá que tem a honra de baixar na cabeça de todas as pessoas que um dia passaram pelo Ayê. É por isso que no Axêxê, o ritual fúnebre que celebra, prepara e comemora a volta dos homens ao todo primordial, prestam-se homenagens a Iku - com cantos de júbilo e louvação que, mais que a morte, reafirmam o mistério maior; a possibilidade de outras e outras vidas.
Assim diziam os mais velhos, que jamais vestiam luto, em sua infinita sapiência.
Favor ver o video inerente a Orixa Iku

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