quarta-feira, 3 de março de 2010

Linha dos Exús - Parte I

Sinto muita responsabilidade, para falar sobre esses amigos espirituais, tão iluminados e tão preconceituosamente vistos. Há muito engano a respeito deles, e eu gostaria de, não apenas passar conhecimento sobre eles, como conseguir esclarecer sobre o verdadeiro papel desses seres iluminados, que trabalham dentro dos conceitos da caridade e do amor, que tanto pregou Jesus!

Divido em dois capítulos, pois há muito para ser dito, e eu, com certeza, não conseguirei passar tudo, mas se conseguir levantar a dúvida, já estou feliz, e se provocar a vontade de buscar mais verdade sobre eles, me sentirei realizada!

Exu é um dos grandes pontos de conflito na UMBANDA com relação a outras religiões, por falta de entendimento, pela ignorância e pelo preconceito.

Muitos acreditam que nossos amigos Exus são Demônios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar.

Exu é um Orixá africano, é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano.

Na África na época das colonizações Exu foi, no sincretismo, erroneamente confundido com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade. Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo, pois ele não está em oposição a Deus, muito menos é uma personificação do Mal.

É necessário entender que o sincretismo afro-católico foi imposto num processo de aculturação dos Negros pelos padres Católicos como já explicado em outros textos. Os Orixás foram associados aos Santos Católicos, inclusive Exu, que é representado por Santo Antônio (Santo Antônio de Pemba, Santo Antônio de Ouro Fino, etc.).

No Brasil Exu foi considerado como o diabo: irascível, gosta de suscitar disputas, de provocar acidentes. É astucioso e grosseiro, vaidoso e indecente, daí a assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio. Porém "(...)nem completamente mau, nem completamente bom(...)", na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação" - contido no documentário "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", Exu reage favoravelmente quando tratado convenientemente.

Os Exus são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obssessores, são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os Kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem mais fortalecidos.

Os Negros africanos em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos achavam que eram a forma deles saudarem os Santos, incorporavam alguns Os Exus, com seu brado, e seu jeito maroto e extrovertido assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os Negros escravos dizendo que eles estavam possuídos por Demônios. Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os Negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua Hipótese de que essa forma de incorporação era devido a Demônios.

O verdadeiro Exu não faz mal a ninguém, mas devolve o mal para quem o merece e quem realmente é mau. Este recebe o mau de volta através da força dele. Ele devolve, às vezes até com mais intensidade os trabalhos malignos que alguns fizeram contra outros. Porém, sempre com a permissão do Pai Maior. Alguns Exus são espíritos evoluídos que escolheram ajudar e continuar sua evolução atendendo e orientando as pessoas, e combatendo o mal.

Em seus trabalhos de magia, Exu corta demandas, desfaz trabalhos malignos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos obscuros, sem luz (Kiumbas). Ajudam a limpar, retirando os espíritos obssessores e os encaminhando para luz ou para onde possam cumprir suas penas, em outros lugares do astral inferior.

Alguns comerciantes inescrupulosos ou, simplesmente, ignorantes, criaram imagens de Exus como diabos, cada vez mais estranhos e aterradores, com chifres, rabos, partes de animais, etc., construindo no imaginário de muitos médiuns e da população Brasileira, o preconceito de Exu como o Diabo, Exu como Satanás, enfim Exu como Coisa Ruim. Hoje em dia as casas de Umbanda, pelos estudos, pelo conhecimento e pela orientação dos reais Exus, estão abolindo essas imagens e condenando seu uso. Assim como, recriminando médiuns e supostas entidades que se manifestam dessa maneira dentro dos Centros. Porém, o mal foi feito, o preconceito atingiu o psiquê das mentes mais fracas e, muitas vezes, vemos em certos canais de televisão que fazem programas religiosos, a invocação dessas aberrações e a indevida associação aos Exus de Umbanda. O que podemos dizer é que quem invoca a Deus, Deus o tem e quem invoca do diabo, o diabo o tem.

A Doutrina Espírita trata-os como espíritos imperfeitos, almas dos homens que, por terem cometido crimes perante a Lei Divina, são submetidos a difíceis provas, cujo único objetivo é o de que possam compreender a extensão do mal que praticaram em outras vidas.

Existem entidades que se dizem Exu e que fazem somente o mau em troca de presentes aos seus médiuns ou por grandes e custosas obrigações, serviços. Exu que é Exu, não faz mal, a não ser com quem merece e, além disso, quando ajuda a uma pessoa, não pede nada em troca, esperando que a pessoa tome juízo, se comporte bem na vida, acredite em Deus e tenha fé.

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