quinta-feira, 4 de março de 2010

Lenda sobre Iku - Morte

O povo yoruba como o resto do povo africano, eles crêem que a morte não e o fim da vida. Eles acreditam que existe um outro mundo paralelo ao nosso. A morte para eles não representa o fim da vida terrestre e sim um prolongamento da vida além tumulo. Este mundo para o povo yoruba é chamado de Orun ( Céu ) o mesmo é dividido em 9( nove ) partes. Este local para eles é o domínio dos seus ancestrais.

A morte para o yoruba não é a extinção da vida terrestre, mas uma mudança de vida para outra. Seus antepassados ou ancestrais são chamados de Òkù Òrun e Àgbagbà, ou ainda tem um outro título chamado de Èsa, usado para reverenciar um ancestral por parte religiosa Lese Orisa ( Culto aos Orixás ), este Título chamado de Èsa e chamado seu nome em um ritual desta religião chamado de Ìgpádè ( Encontro ).

Um antepassado ou ancestral e alguém que uma pessoa descende, seja por parte paternal o maternal, em qualquer período de tempo, em que o ser vivente conversava e tinha relações afetuosas. O povo yoruba tem por costume cultuar seus antepassados ou ancestrais para ter o merecimento de culto, somente aqueles que uma idade avançada ( salvos algumas restrições de nascimento), ter tido um trabalho de boa qualidade perante a sociedade, ter deixado bons filhos, ter sido uma pessoa de boa índole . Para o yoruba um casamento sem filhos não é uma boa forma de ter vivido ou seja um mal negocio.

Para eles existe um sistema de valores que tem 3 partes: Um OWO ( Dinheiro), Dois OMO ( Filhos) Três ÀÍKÙ ( Vida longa ).

A vida longa para eles e a mais importante porque pode proporcionar a ele o alcance das outras duas partes. São estes valores e toda linhagem de gerações passadas que, se transformam para os seus familiares o direito de ser cultuado como antepassado ou ancestral. Existe a ancestralidade por parte de pai e mãe, mais somente a parte masculina e cultuada por ser a mais importante. Através do pai que é passada a ancestralidade da família, ele e o procriador e cabe a ele a transmissão da mesma para os seus filhos, sendo a mãe a genitora recebendo esta ancestralidade e dando a ele a vida. A parte feminina e cultuada de uma forma de energia aglutinada tendo o seu culto junto as Gelede ( Culto de eguns femininos ligado ao culto das Yia mi Aje.” Minha mães feiticeiras”). Os ancestrais quando chega ao Orun, eles são recebidos pelos seus antecessores acolhendo e encaminhando, fazendo-os se desprender dos bens materiais. Sendo, este que faleceu pertencer ao culto dos orisas, ele só poder se desprender de todo bem material deixado na terra, depois do asese ( Axexe. Obrigação feita para as pessoas que morrem e pertence ao culto de orixá). Feito esta obrigação este ancestral poderá se desprender das coisas matérias e encontrar os seus ancestrais que já se encontram no Orun, os mesmos ajudam encaminhando para um lugar de luz, fazendo com que ele ganhe grau espiritual para poder ajudar seus familiares que deixou na terra.

Quando falamos a palavra culto damos a conotação de homenagem aos espírito, assim podemos entender melhor o que falamos. Feito as obrigações do ritual fúnebre, o espírito se desprende de tudo que deixou na terra e passa por um portal que liga o Aye ( terra) ao Òrun ( céu), este portal e guardado por um guardião chamado de Ònibòdè Òrun ( guardião do céu), este portal tem a ligação entre os dois mundos no qual Òrun e a moradia de Òlòdumarè ( Criador supremos de tudo e todos os seres).

Conforme a cultura Yoruba, o Òrun e dividido em 9 ( nove) partes e dependendo da vida e a causa morte deste ancestral ele e colocado em uma destas 9 ( nove ) partes. Cada parte corresponde a um tipo de elevação espiritual. Dependendo da vida, ele pode ficar no Òrun Buruku ( Parte onde se encontra as pessoas que teve uma vida ruim, só causou problemas, matou, roubou, teve uma vida desregrada), até o Òrun Áláfiá ( Parte onde se encontra os que tiveram uma vida solida, sadia, boa, foi uma pessoa de boa índole). Por isso temos de fazer por merecer que nosso espírito seja cultuado e reverenciado por nossos descendentes. Somente seremos reverenciados após nossa morte e poderemos ajudar nossos descendentes se tivermos uma vida correta.

Nascimento ( Ìbi), Vida( Ìyé) e Morte( Àti Iku ), o Pós- Vida ( Ìye Lèbin Iku), o Julgamento Divino ( Idájo ti Òlòrun) e o possível retorno a vida sucessivamente ( Àtùnwa) São visto com criação de Òlòdumarè, para remover da terra as pessoas que tiveram seu tempo de vida. Sendo Iku o seu mais fiel mensageiro. Para os Yorubas Iku também e um orisa. Iku não mata, somente toca as pessoas, com este toque a pessoa se desliga deste mundo acordando no outro. Costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I'o npa ni – “ A morte não mate, são os excessos que matam”

O odú Òyèkú Méji revela, em um de seus ìtàn, que a morte somente começou a matar, depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado de Ejìgbòmekùn. Ele gritou enfurecido. Fez do elefante a esposa do seu cavalo. Ele fez do búfalo a sua corda. Ele fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto para lutar.

Passado um tempo Ikù foi subjugado pelos seus inimigos, conseguiram que ele comesse o que não podia o seu ÈWÓ ( coisa proibida se comer, pegar, usar, vestir ). Èsu queria saber como Iku matava as pessoas, assim conseguiu subornar o filho de Iku, o mesmo fala como Iku mata as pessoas com seu Opa Ikú ( Cajado da morte ). Com seu Opa Iku Iku tocava as pessoas as quais se desligavam deste indo para Òrun. Èsú foi ajudado por Ajàpàá ( A tartaruga que consegue o que desejava) Ajàpàá gbé òrúkú I'owó Ikú ( A tartaruga que conseguiu tirar a clava das mãos de Ikú).

Sem este cajado Iku se torna impotente não podendo exercer a sua função dada por Òlòrun. Mesmo que a morte seja inevitável e imprevisível, podemos ver que iku pode ser adiado se as coisas forem feitas corretamente, para isso temos que consultar Òrumilá. Sabendo assim qual a obrigação certa que deve ser feita para adiar a vinda de Iku. Para conseguir seu cajado Ikú procura Òrumilá e faz um pacto com ele. Que não levaria as pessoas que se colocarem sobre a proteção de Òrumilá, ou aqueles que estavam já com a data determinada para o fim de suas vidas na terra. Por isso que sempre temos de saber com esta nossa situação através do jogo para sempre estarmos sobre a proteção de Òrumilá. Por isso temos um provérbio “Arùn I'a wò, a Ki Wo Ikú” A doença pode ser curada. A morte não pode ser remediada”

Ikù tinha uma esposa chamada Ojontarigi, mais ela era cobiçado por Òrumila e isso criou uma lenda que escrevo abaixo.

A esposa da morte.
Ojontarigi era a única esposa da Morte,
Mesmo assim Orunmila quis arrebatá-la.
À Orunmila foi dito para ele fazer sacrifício,
E ele fez.
Depois que ele terminou de fazer o sacrifício,
Ele arrebatou Ojontagiri para longe da morte.
Então a Morte pegou o seu Kumo,
E foi para a casa de Orunmila.
Ele viu Esu na frente da casa.
Esu disse: “Como vai você ?”,
Iku Ojepe cujo artigo de vestuário é tingido em osun.
Depois que eles trocaram saudações,
Esu pergunta para ele: Onde você vai?
Morte respondeu que ia para a casa de Orunmila.
Esu pergunta: Qual o problema?
Morte disse que Orunmila levou sua esposa,
E por isso tem que matá-lo.
Esu, então, implorou para Morte se sentar.
Depois que ele se sentou,
Esu deu comida e bebidas.
Depois que Morte comeu até se satisfazer,
Ele se levantou,
Pegou seu bastão,
E começou a ir.
Então, Esu perguntou novamente: “Onde você vai?”,

Morte respondeu que ele ia para a casa de Orunmila
Então Esu disse: “Como você pode comer a comida de um homem, e ao mesmo tempo querer matá-lo ?”
Você não sabe, que a comida que a pouco você comeu, pertence à Orunmila?
De repente morte não sabia o que fazer,
Ele diz: “Diga para Orumila que ele pode ficar com a mulher”

Assim Ikú ficou sozinho, sem filho e sem esposa! Sendo o Orisa mais fiel a Òlòdumàré

Por isso se recebemos uma pessoa em nossa casa, damos abrigo, alimentação, esta pessoa não poderá nos fazer mal, e se o fizer pagará com a própria vida por este ato. Nem Ikú matou Òrumilá depois de comer sua comida. Quem somos para fazer mal aquele que nos alimenta.


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