Oranian foi concebido em condições muito singulares, que sem dúvida, espantariam os geneticistas modernos. Uma lenda relata como Ogum, durante uma de suas expedições guerreiras, conquistou a cidade de Ogotún, saqueou-a e trouxe um espólio importante. Uma prisioneira de rara beleza chamada Lakanjê agradou-lhe tanto que ele não respeitou sua virtude. Mais tarde, quando Odùduà, pai de Ogum, a viu, ficou perturbado, desejou-a por sua vez e fez dela uma de suas mulheres. Ogum, amedrontado, não ousou revelar a seu pai o que se passara entre ele e a bela prisioneira. Nove meses mais tarde, Oranian nascia. O seu corpo era verticalmente dividido em duas cores. Era preto de um lado, pois Ogum tinha a pele escura, e branco do outro, como Odùduà, que tinha a pele muito clara..
II
"No começo a terra não existia, acima era o céu e abaixo era água e nenhum ser animava nem o céu nem a água. O todo poderoso Olodumaré, senhor e pai de todas as coisas, criou inicialmente sete príncipes coroados, em seguida, sete sacos onde havia búzios, tecidos, frutas e outras riquezas. Criou uma galinha e vinte e uma barras de ferro. Criando dentro de um saco negro, um pacote volumoso de uma substância desconhecida e, finalmente, uma corrente de ferro muito comprida, na qual prendeu esses tesouros e aos sete príncipes, deixando cair tudo desde o alto do céu. No limite do vazio havia só água.
Olodumaré do alto da sua morada divina, atirou uma semente que caiu na água, e logo uma enorme palmeira cresceu até aos príncipes, oferecendo um abrigo grande e seguro entre as suas palmas; os príncipes refugiaram-se aí e instalaram as suas bagagens.
Eram todos príncipes coroados e portanto todos queriam comandar. Como não chegaram a um acordo resolveram separar-se, sendo os nomes dos sete príncipes: OLOWU, que se tornou rei de Egba; ONISABE, que foi rei de Save; ORANGUN, que foi rei de Ila; OONI, rei de Ifá; AJERO, rei de Ijero; ALAKETU, rei de Keto; o mais jovem, ORANMIYAN que foi rei de Oyo. Antes de se separarem para seguir os seus destinos, os príncipes decidiram repartir entre eles a totalidade dos tesouros e as provisões que o todo poderoso lhes havia dado. Os seis mais velhos tomaram os búzios, pérolas, tecidos e tudo o que julgaram precioso ou bom para comer, deixando para o mais jovem o pacote de pano negro, as vinte e uma barras de ferro, e a galinha. Partindo os seis príncipes à descoberta das folhas da palmeira, Oranian ficou só, desejoso de ver o que continha o pacote de pano negro, abriu-o e encontrou uma porção de substância negra e desconhecida. Sacudindo o pano, a substância negra caiu na água, não desaparecendo, formando um montículo. A galinha voou para cima dele, e começou a esgravatar o montículo que se foi espalhando, ocupando o lugar da água, tendo assim nascido a terra. Oranian apressou-se a descer ao seu domínio, assim formado pela substância negra formando a terra e tomou posse da mesma. Por sua vez os seis príncipes desceram da palmeira, quiseram tomar a terra de Oranian, como já haviam tomado, na palmeira, a sua parte dos búzios, das sementes, dos alimentos, e dos tecidos.
Mas Oranian tinha armas. Suas vinte e uma barras de ferro se converteram em lanças, dardos, flechas, y na sua mão direita brandia uma larga espada e disse-lhes: "Esta terra é só minha. Lá em cima, quando me roubaram, vocês me deixaram apenas esta terra e este ferro. A terra cresceu e o ferro também. Com eles defenderei esta terra, vou matar a todos vós. Os príncipes pediam clemência, atirando-se aos pés de Oranian suplicantes, pediram que ele cedesse uma parte da sua terra para poder viver e continuarem a ser príncipes. Oranian concedeu-lhes a vida e deu-lhes uma parte da terra, exigindo apenas uma condição: que esses príncipes e seus descendentes deveriam permanecer sempre e os descendentes dos mesmos deveriam todos os anos render homenagem e pagar os impostos na sua cidade principal, para demostrar e recordar que ele havia tido condescendência com as suas vidas na sua parte da terra. Foi assim que Oranian se tornou rei de Oyo e soberano da nação Yoruba, isto é sobre toda a terra. Por fim Ife reinvindica a preponderância sobre Oyo, já que em Ife está guardado o sabre de Oranian, chamado sabre da "justiça" que os reis de Oyo devem segurar nas suas mãos durante as cerimónias de entronização, para garantir a sua futura autoridade. Encontram-se em Ife duas outras relíquias de Oranian: um grande monólito "OPA ORANMIYAN", seu bastão de comando na guerra e uma grande pedra em forma de laje "ASA ORANMIYAN", seu escudo.
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